-Vá, deixe lá ao menos tirar uma fotografia!...
E, eu, não deixei...
Há, também, aquelas fotografias que nos tiram sem pedir ou sem avisar e que, invariavelmente, registam momentos que gostaríamos fossem apenas nossos... especialistas nisso são os indiscretos paparazzi que, não raras vezes, têm já causado (e sofrido também) alguns desaires...
Acredito, como alguns povos mais primitivos, que a fotografia é a perversa arte de tirar/roubar almas; basta fixar o olhar, que é o espelho da alma...
Por isto, e mais que eu não digo, acho que, muito mais do que simplesmente fotografar, ou seja, registar o momento, o que efectivamente quase sempre desejamos é mesmo "tirar a fotografia", ou seja, tirar ao momento a alma daquela imagem...
Foi isso que eu não deixei...
Os meus olhos estão escondidos, a espreitar a alma de quem ma queria tirar...
Espero que tenham gostado deste alto momento de reflexão (sem graçolas). Para uma próxima vez, irei debruçar-me sobre o seguinte pensamento que, a propósito, acaba de me ocorrer: «também acontece "tirar-lhes a fotografia" sem máquina fotográfica e mesmo de olhos fechados...»
Sem vaidade, eu já tirei!
E, como eu, creio que mais de um milhão e picos de portugueses, portuguesas e afins também já o terão feito. Não se poderá dizer, porém, que, em dez milhões e picos seja uma excelente percentagem, mas é o que, dadas as circunstâncias, me parece.
Uma questão de perspicácia que ficará, então, para depois.
Até lá!