sábado, 30 de outubro de 2021

ALFREDO MONDERREI, o fadista da Nazaré

D.L.67

D.L.68

"Alfredo Oliveira Ferreira nasceu na Nazaré no dia 3 de Abril de 1939, filho de pais nazarenos. Filho de um industrial do ramo automóvel, completou os estudos fazendo o curso industrial na escola Afonso Domingues, em Lisboa, regressando de seguida à Nazaré.
Cantou o fado pela primeira vez, teria cerca de 12 ou 13 anos, num casamento no Porto, perante mais de 100 convidados. Dai em diante, continuou a cantar, aqui e ali, sem lugar certo.
Como não quis seguir os estudos, pois “…nunca gostei de estudar”, e sendo um jovem aventureiro, juntamente com um seu amigo, partiu para umas pequenas férias em Espanha, mas os 8 dias que pensavam ficar em Madrid, transformaram-se em 23 meses um pouco por toda a Europa. Em Paris trabalharam no que lhes aparecia: Alfredo como “empregado de limpeza” e o seu amigo como moço de copa num hotel. Um dia, no hotel onde o amigo trabalhava, cantou o fado, na festa de anos da proprietária, lá se encontrando o fadista Carlos Ramos, que o incentivou a cantar mais umas músicas. No mesmo hotel, encontrava-se o Rancho Folclórico Tá-Mar da Nazaré, e como Alfredo e o amigo já tinham sido componentes deste rancho, e na bagagem tinham levado o trajo tradicional nazareno, dançaram com grande êxito. Clara d’Ovar estando também ela presente, convidou-o para o seu retiro de fados. Durante algum tempo Monderrei (nome artístico de Alfredo) deixou as “limpezas”.
...
De volta à Nazaré, sua terra amada, abre um negócio, uma casa de fado a que deu o nome de “Cabana”, em homenagem às casas dos pescadores, sendo a decoração em tudo idêntica a estas “cabanas”, com o chão de areia da praia, onde as bebidas estrangeiras não tinham entrada, somente o vinho a correr da pipa, para copos e canecas, não existindo talheres “finos”, apenas pratos de barro, onde eram servidos carapaus secos, assados ou fritos, sardinha assada, ou caldeiradas, e o vinho tinto e branco, verde ou maduro. Nos meses de verão (de junho a setembro) o fado reinava na “Cabana”.
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quarta-feira, 15 de setembro de 2021

O Laboratório SANITAS

 

D.L.

"... Francisco Cortez Pinto (Leiria/12.02.1885 – 30.07.1974/Lisboa) foi um major médico de carreira, que teve consultório no nº 24 da Rua Dom João V e que em 1911 fundou, com o farmacêutico Horácio Pimentel,  a firma Cortês Pinto Pimentel, Lda., a proprietária do Laboratório Sanitas que sempre teve sede em Lisboa e se tornou uma importante indústria de produtos farmacêuticos. ..." (ler+)

segunda-feira, 23 de agosto de 2021

O tenor absoluto...


I.P.

Acerca de Romão Gonçalves, "excêntrico tenor e duble de esportista (membro activo do Club Sport Marítimo), figura polémica da sociedade lisboeta da época", escreveu "Belmiro" - Acácio de Paiva - este soneto.

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Dia de PORTUGAL, de CAMÕES, da RAÇA e das COMUNIDADES

 

D.L.24

 (Transcrição do manuscrito

           Camões
Camões comparado
Aos mais escritores
Nem entre os maiores
Foi sempre igualado:

Qual deles deu brado
Com tantos primores
Tais frutos e flores
De engenho inspirado?

Com graças tão finas,
Ciência tamanha?
Estâncias divinas!

Qual deles lhe ganha?
Os mais são colinas,
Ele é a montanha!
        João de Deus
1880 )


I.P.23
"Camões salvando Os Lusídas do naufrágio"
(do pintor belga E. Slingeneyer )

quarta-feira, 2 de junho de 2021

LEIRIA, Uma Cidade-Flor! Cidade-Coração


Cidade-Flor 

Cidade-Coração

Nomeou-me Leiria embaixador

Para saudar-vos nesta hora clara

Do mais vivo esplendor

Que jamais, até hoje se alumiara

E cedi com vaidade: pela minha

Terra, minha saudade há tantos anos

E que é da Estremadura alta rainha

E por vós dois: excelsos soberanos

Crede: Leiria é digna de visita.

Não exibe a riqueza deslumbrante

Que cega e oprime que entontece e grita

E chega a amedrontar o viandante,

Mas é…, como direi…bem comparada…

Uma Cidade-Flor! É pequenina

Mas tão airosa, amável, perfumada

Como gentil grinalda de menina.

E quanto acolhedora: – uma cidade…

(Não sei onde encontrar comparação

Que possa dar ideia da verdade…)

Vamos… uma Cidade-Coração.

– «Estranha imagem» notareis; por certo,

Mas é condão de alguns ouvir e ler

Nítido em tudo, como em livro aberto,

Aflição ou prazer…

Assim, desde o seixinho humilde e bruto

Aos mais aparatosos arvoredos,

O coração da minha terra escuto

E entendo em seus recônditos segredos.

Se quisésseis no meu sonho acompanhar-me

Artistas milagrosos da harmonia

Ouvireis em primeiro e junto alarme

O elegante castelo de Leiria…

Depois, o brando e donairoso Lis,

Seus marachões, seus salgueirais e noras,

Os miradouros onde D. Dinis

As estrofes singelas e sonoras

Oferecia à «flor de verde pino»…

Os arcos e os balcões do burgo antigo…

Os sinos…(Um irmão em cada sino,

Tão íntimo, tão nosso, tão amigo!…)

A capelinha de onde avisto as Cortes

De Xavier Cordeiro, senhoriais…

No vento inquieto, as Fontes,

Emanações sádicas dos pinhais…

Leiria toda, enfim, de canto a canto,

Jóia de engaste lindo entre as mais lindas


Ouvireis, comigo, dizer: Quanto!

Oh! quanto nos honras! Sede bem-vindas!


Acácio de Paiva