quinta-feira, 10 de junho de 2021

Dia de PORTUGAL, de CAMÕES, da RAÇA e das COMUNIDADES

 

D.L.24

 (Transcrição do manuscrito

           Camões
Camões comparado
Aos mais escritores
Nem entre os maiores
Foi sempre igualado:

Qual deles deu brado
Com tantos primores
Tais frutos e flores
De engenho inspirado?

Com graças tão finas,
Ciência tamanha?
Estâncias divinas!

Qual deles lhe ganha?
Os mais são colinas,
Ele é a montanha!
        João de Deus
1880 )


I.P.23
"Camões salvando Os Lusídas do naufrágio"
(do pintor belga E. Slingeneyer )

quarta-feira, 2 de junho de 2021

LEIRIA, Uma Cidade-Flor! Cidade-Coração


Cidade-Flor 

Cidade-Coração

Nomeou-me Leiria embaixador

Para saudar-vos nesta hora clara

Do mais vivo esplendor

Que jamais, até hoje se alumiara

E cedi com vaidade: pela minha

Terra, minha saudade há tantos anos

E que é da Estremadura alta rainha

E por vós dois: excelsos soberanos

Crede: Leiria é digna de visita.

Não exibe a riqueza deslumbrante

Que cega e oprime que entontece e grita

E chega a amedrontar o viandante,

Mas é…, como direi…bem comparada…

Uma Cidade-Flor! É pequenina

Mas tão airosa, amável, perfumada

Como gentil grinalda de menina.

E quanto acolhedora: – uma cidade…

(Não sei onde encontrar comparação

Que possa dar ideia da verdade…)

Vamos… uma Cidade-Coração.

– «Estranha imagem» notareis; por certo,

Mas é condão de alguns ouvir e ler

Nítido em tudo, como em livro aberto,

Aflição ou prazer…

Assim, desde o seixinho humilde e bruto

Aos mais aparatosos arvoredos,

O coração da minha terra escuto

E entendo em seus recônditos segredos.

Se quisésseis no meu sonho acompanhar-me

Artistas milagrosos da harmonia

Ouvireis em primeiro e junto alarme

O elegante castelo de Leiria…

Depois, o brando e donairoso Lis,

Seus marachões, seus salgueirais e noras,

Os miradouros onde D. Dinis

As estrofes singelas e sonoras

Oferecia à «flor de verde pino»…

Os arcos e os balcões do burgo antigo…

Os sinos…(Um irmão em cada sino,

Tão íntimo, tão nosso, tão amigo!…)

A capelinha de onde avisto as Cortes

De Xavier Cordeiro, senhoriais…

No vento inquieto, as Fontes,

Emanações sádicas dos pinhais…

Leiria toda, enfim, de canto a canto,

Jóia de engaste lindo entre as mais lindas


Ouvireis, comigo, dizer: Quanto!

Oh! quanto nos honras! Sede bem-vindas!


Acácio de Paiva