sábado, 30 de outubro de 2021

ALFREDO MONDERREI, o fadista da Nazaré

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"Alfredo Oliveira Ferreira nasceu na Nazaré no dia 3 de Abril de 1939, filho de pais nazarenos. Filho de um industrial do ramo automóvel, completou os estudos fazendo o curso industrial na escola Afonso Domingues, em Lisboa, regressando de seguida à Nazaré.
Cantou o fado pela primeira vez, teria cerca de 12 ou 13 anos, num casamento no Porto, perante mais de 100 convidados. Dai em diante, continuou a cantar, aqui e ali, sem lugar certo.
Como não quis seguir os estudos, pois “…nunca gostei de estudar”, e sendo um jovem aventureiro, juntamente com um seu amigo, partiu para umas pequenas férias em Espanha, mas os 8 dias que pensavam ficar em Madrid, transformaram-se em 23 meses um pouco por toda a Europa. Em Paris trabalharam no que lhes aparecia: Alfredo como “empregado de limpeza” e o seu amigo como moço de copa num hotel. Um dia, no hotel onde o amigo trabalhava, cantou o fado, na festa de anos da proprietária, lá se encontrando o fadista Carlos Ramos, que o incentivou a cantar mais umas músicas. No mesmo hotel, encontrava-se o Rancho Folclórico Tá-Mar da Nazaré, e como Alfredo e o amigo já tinham sido componentes deste rancho, e na bagagem tinham levado o trajo tradicional nazareno, dançaram com grande êxito. Clara d’Ovar estando também ela presente, convidou-o para o seu retiro de fados. Durante algum tempo Monderrei (nome artístico de Alfredo) deixou as “limpezas”.
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De volta à Nazaré, sua terra amada, abre um negócio, uma casa de fado a que deu o nome de “Cabana”, em homenagem às casas dos pescadores, sendo a decoração em tudo idêntica a estas “cabanas”, com o chão de areia da praia, onde as bebidas estrangeiras não tinham entrada, somente o vinho a correr da pipa, para copos e canecas, não existindo talheres “finos”, apenas pratos de barro, onde eram servidos carapaus secos, assados ou fritos, sardinha assada, ou caldeiradas, e o vinho tinto e branco, verde ou maduro. Nos meses de verão (de junho a setembro) o fado reinava na “Cabana”.
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